ARTE NA SEMANA SANTA EM BREJO SANTO, CE.

15/04/2013 21:30

Arte na semana santa

Depois de 40 anos, passei uma semana santa em Brejo Santo, sonho que alimentava há muito tempo. Valeu a pena, tanto pela visita à cidade, aos parentes e amigos, mais muito pela participação nos eventos religiosos. Foi uma volta ao tempo, quando menino, acompanhava as procissões, as missas e os sermões dos padres missionários, que sempre fortaleciam a fé de nosso povo. Evidente, que depois de 40 anos, a cidade cresceu muito e muitas novidades tecnológicas apareceram, mas o espírito cristão e religioso continua nos corações de nossa gente. Foi uma experiência rica para mim, o fato de assistir à missa, com a igreja matriz cheia, apesar do calor, e ver a fé estampada no rosto das pessoas. E olhe que sempre fui mal resolvido com os mistérios da fé. Na Sexta-feira santa, a procissão pelas ruas da cidade foi a prova de que os brejossantenses mantém sua tradição na fé católica. Neste ponto, mais uma vez me senti em casa, pois conheço a maior parte dos cânticos e das orações, aos quais me fiz participante, cantando e respondendo as orações. Creio ter sido uma das melhores visitas que fiz a Brejo Santo. Passados os festejos religiosos da igreja, a encenação da Paixão de Cristo no Alto da Bela Vista, ao sopé da Pedra do Urubú, coroou de êxito a semana sagrada. A convite de meu amigo Tony do Museu da Pedra do Urubu, fui assistir à peça teatral mais encenada no mundo, A Paixão de Cristo, mas com uma linguagem nova e regional, o que lhe deu um colorido todo especial. O grupo teatral GERART,comandado pelo Prof. Luiz Miguel e equipe não mediu esforços para que a realização do espetáculo fosse à altura do homenageado. E foi. Desde a escolha do cenário natural nas pedras do Serrote, o figurino dos atores e o respeito ao texto bíblico. Tudo isso num espaço de tempo que não cansou os espectadores. Muito gente se fez presente e lá permaneceu até o fim do espetáculo, aplaudindo-o efusivamente, como prova do reconhecimento de um trabalho bem feito. É assim que a cultura, o conjunto de manifestações de um povo, mantém-se viva e se transmite ás novas gerações. O grupo Teatral GERAT é um referencial da cultura em Brejo Santo. Evidente que padece de falta de incentivo, mesmo assim, os esforços de sues membros supera qualquer obstáculo na apresentação de seus trabalhos. Este ano, a Secretaria de Cultura de Brejo Santo entrou com parte do patrocínio do evento, mas muito aquém do que poderia ter feito. Este patrocínio não pode se restringir a eventos isolados e sazonais, mas deveria ser permanente, durante todo ano, para que a música, o teatro a dança, a poesia, a escrita e todo tipo de manifestação popular fosse oferecido ao povo. Assim como os demais grupos de arte popular como as quadrilhas de são João da Lagoa do Mato e do Morro Dourado, que fazem suas apresentações na raça, o grupo GERART também faz das tripas coração para se manter. É necessário que o poder público invista nesse pessoal, para que a cultura regional se fortaleça e o povo tenha orgulho de sua terra, de sua gente e de suas tradições. As manifestações populares são o reflexo da alma de um povo e só com elas se cria uma identidade desse mesmo povo. Assim, o grupo GERART está de parabéns pelo espetáculo apresentado na sexta-feira santa. Deixo aqui meus agradecimentos ao Prof. Luiz Miguel, o teatrólogo; a meu amigo Tony da Pedra do urubu, ambientalista, pioneiro na manutenção do sítio ecológico do Serrote, que inclui o Museu da Pedra do Urubu, ao meu amigo radilista Marcos Gomes incentivador das artes populares de Brejo Santo e a meu amigo Prof. Carlinhos, a quem tempos atrás, incentivei voltar à escola e hoje me orgulho de vê-lo professor. Finalmente, estendo meus votos a todos os participantes do espetáculo, reafirmando minha satisfação e reconhecimento pela oportunidade de ver renascer e ser fortalecida a arte popular.

Paulo Gondim     14/04/2013